segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A Imagem Conveniente


Todos os homens têm com os mesmos direitos perante a lei.
Todos à nascença trazem consigo um livro de senhas, que ao longo da vida vão trocando por direitos e oportunidades, se tiverem sorte e juizinho vão agarrando as oportunidades e com elas adquirindo direitos, podem assim, se a coisa der para o torto utilizar os direitos em carteira e apropriarem-se desta forma das oportunidades dos outros.
Caso tudo corra de feição fazem um plano direitos reforma, ou então depositam os direitos numa conta aberta em nome dos filhos, a conta certificado mercado. Dessa forma quando os petizes vierem ao mundo, além das senhas garantidas à nascença têm ainda uma série de direitos e oportunidades a capitalizar juros: "os social class bounds"
É claro que existe sempre o reverso da medalha. Quem é azarado ou desatento, depressa gasta as suas senhas.
Então para sobreviver tem de pedir oportunidades emprestadas precisamente àqueles que as têm em carteira.
Esse empréstimo e os respectivos juros são pagos em direitos. Se a coisa está mesmo complicada, a solução será pedir mais um empréstimo dando como garantia as senhas futuras dos seus próprios nascituros.
Como vêem, com boa vontade e um pouco de imaginação tudo se consegue.
O problema são as desigualdades sociais. É que com os direitos e as oportunidades concentrados na mão de uns poucos, passa a haver escassez no mercado e a coisa entra em parafuso.
Aí a única solução é investir numa Revolução cujo desenrolar se possa ter sob controlo. Tem os seus riscos, mas há muitos exemplos bem sucedidos.

"mete mete, mete nojo!"

A pandilha do Cavaco Silva soma e segue...

domingo, 30 de outubro de 2011

O Monólogo de Tântalo


Eis-me no meio da abundância e entanto tão distante dela...
Tudo o que suponho ao alcance do desejo se distancia no meu gesto.
Será a Liberdade filha do sonho? Apenas?
Poderia, eu! Que sou filho de Zeus e privei na mesa dos deuses, eu que tive acesso aos segredos do Olimpo, querer para mim somente, esse supremo conhecimento e não o revelar aos homens?
Seria feliz e livre, poderia mesmo criar nos meus semelhantes essa indizível e doce inveja de me saberem mais alto, de alcançar mais longe, de infundir-lhes incertezas com a força do meu olhar...
Mas não me serve a Liberdade construída no silencio dos outros.
Não me apraz o poder que nasce da submissão.
Não quero viver um mundo sem contornos nem horizontes, sem o encanto nascido das diferenças que nos tornam próximos.
Falei! Falei a verdade e falando-a derrubei muros, arrasei fronteiras, pus em causa inescrutáveis servidões.
Com isso ganhei a imortalidade, mas com ela perdi o gesto.
Condenei-me a viver com a Liberdade sem lhe poder tocar...

sábado, 29 de outubro de 2011

“Há muitos países que só têm 12 vencimentos”, diz Miguel Relvas - Economia - PUBLICO.PT

“Há muitos países que só têm 12 vencimentos”,
diz Miguel Relvas -

Queria voltar ao ministro Crato, mas a imbecilidade é mais que muita...Antes uma deambulação pela História. O cargo de Ministro Adjunto, e no caso, dos Assuntos para Lamentar e das Coisas Importantes, como seja a privatização da RTP e o controlo da Imprensa, é um dos mais estranhos ministérios existentes em Portugal. Criado por Salazar num contexto muito específico, em que o velho ditador estava ocupado a gerir três pastas e completamente depressivo, foi ficando como uma espécie de secretário do primeiro-ministro, de controleiro político do governo.
Quando é ocupado por gente com cabeça...enfim...admite-se.
Quando é gente desta. Está tudo dito.
Conseguiu descobrir que a Noruega faz parte da União Europeia!!! Vindo de um licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais pela ilustre Universidade Lusófona...no longínquo ano de 2007...é obra. E inteligência e um exemplo de rigor.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Mínimo dos mínimos

Salários Mínimos na Europa:
Suíça - 2.916,00
Luxemburgo - 1.757,56
Irlanda - 1.653,00
Bélgica - 1.415,24
Holanda - 1.400,00
França - 1.377,70
Reino Unido - 1.035,00
Espanha - 748,30
Portugal - 485,00

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Fundação da trafulhíce

64 mil euros para a Fundação Mário Soares

A Fundação Mário Soares vai receber, este ano, pelo menos 64.825€ de apoio financeiro da vereação da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Para além dos 50 mil euros anuais que "o Município está obrigado" a dar como "apoio financeiro" à Fundação Mário Soares, acrescem mais 14.825€, propostos pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto.
O protocolo entre o Município de Lisboa e a Fundação Mário Soares, que obrigava a um apoio anual entre 30 e cerca de 44.000 euros, foi assinado a 7 de Novembro de 1995, pelo presidente da Câmara, Jorge Sampaio, vigorando durante 10 anos, ou seja, até 2015. Foi actualizado para 50 mil euros em Julho de 2010, pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, como "reconhecimento do trabalho levado a cabo pela Fundação".


fonte: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/politica/64-mil--para-a-fundacao-mario-soares

Ai Que Pena

Campo aberto e Sol na perpendicular.

Sobro, azinho, azeite e gado asinino

vacas e bois, carneiros e coelhos

e lebres e javalis e porcos;

pretos e dos outros.

Milhafres, águias e cegonhas, gaios, pintassilgos e tentilhões,

Corvos e cucos.

Água

muita água nas represas, rios, ribeiros e barragens

até nas charcas

Tudo isso mais o Sol

sempre na perpendicular

mesmo no inverno

com um frio de rachar.

Gente cada vez menos…

Alguns, poucos

com a vida

Na perpendicular…

WTF!?

"Não vale a pena fazer demagogia: só vamos sair desta situação empobrecendo”
Pedro Passos Coelho, Primeiro-Ministro

Não vale a pena dar atenção a gente estúpida, só vamos sair desta situação à punhada!


cartaz afixado na Praça do Sertório durante a manif do 15.o em Évora

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Espuma do Mundo



Esta democracia é uma democracia liquefeita, adaptável a qualquer contentor; pouco tem a ver com a liberdade, que é um universo em expansão.
É uma encenação conveniente, o balastro do capital, sustenta-o, dá-lhe estabilidade. É útil!
Num mundo feérico em constante mutação é ela que sustenta o passado, que impõe uma representatividade anacrónica cujo único objectivo é tolher o desenvolvimento de uma nova consciência social.
Como consequência, de tantos em tantos anos as gentes elegem representantes escorados num programa que tem uma validade de nado morto.
De facto, a espuma do mundo, o que dele se liberta, é um magma em convulsão, um movimento contínuo de solicitações a que o poder instituído, dos eleitos, não consegue dar resposta. Todos temos consciência disso, todos de uma forma ou de outra nos envolvemos em movimentos transversais na sociedade, que dispensam a tutela das instituições, que contestam, que exigem através dessa contestação as soluções que o sistema já não consegue providenciar. Mas engana-se quem pensa que este sistema se desintegrará por via da contestação, não! Ele vai simplesmente  consumir-se no esforço de auto preservação. Porque não existem alternativas na continuidade, o caminho faz-se de rupturas, de caos em caos até que surja uma nova dimensão.
Hoje não é arriscado afirmar que a queda do muro de Berlim marcou a queda do Capitalismo.
Foi aí nessa manifestação autofágica que acabou o Calendário Gregoriano.
Qual será o próximo?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O Geringonçoscópio do Sr. Azeite Virgem



O sr. Azeite Virgem possui um estranho aparelho de nome geringonçoscópio. É sem dúvida um instrumento de grande utilidade, sem o qual o sr. Azeite Virgem não pode viver.
Permite-lhe destrinçar sem erros a qualidade dos outros Azeites. Se eles são familiares próximos, quase tão Virgens como ele; se pelo contrário são Virgens só de nome e não passam de borras divisionistas ou, pior ainda, se são também Virgens, mas de outras procedências, com outra exposição solar, regados com outras águas, com outro ph.
Em suma o geringonçoscópio do sr. Azeite Virgem é um sofisticado azeitómetro, um depurador dialético da azeital sustentação filosófica.
Poderíamos argumentar que numa cozinha invadida por óleos alimentares de todas as procedências, alguns bem nocivos à saúde da espécie, a prioridade fosse erradicá-los de uma vez por todas da panela da história, lutar pela preponderância do Azeite nos temperos, nos cozinhados, pela sua afirmação de qualidade, diria mesmo pela sua indispensabilidade no universo das oleaginosas… Mas para o sr. Azeite Virgem, não!
Para ele, mais importante do que a afirmação da espécie, é a sua preponderância dentro dela. Primeiro há que combater todos os azeites não subjugáveis, todos aqueles que questionem o seu vanguardismo azeital, acabar com eles, liofilizá-los e depois, se houver tempo para isso e só se houver tempo, atacar os outros produtos no mercado, à maneira do sr. Azeite Virgem é claro! Com ele e o seu geringonçoscópio à frente a indicar o caminho.

domingo, 23 de outubro de 2011

será isto uma revolução


meteram-nos medo lembras-te quando foi

havia sol havia chuva havia tudo com fartura liberdade intensidade cantigas força aventura

vivíamos todos num submersível vermelho claro que naquele tempo não havia escuro

tínhamos muitas verdades cada um tinha a sua sabíamos disso e isso estava longe de ser um problema

mas meteram-nos medo lembras-te quando foi

éramos lutadores tomávamos partido dávamos a cara e o peito e a alegria à força libertadora que emergia fomos parvos fomos traídos fomos os disponíveis e chegámos a acreditar na poesia

alistem-se diziam eles com as suas bandeiras gente de acção gente de ideais organizemo-nos irmãos e a primeira perda foi a alegria pirâmide acima pirâmide abaixo deixa dormir as múmias não as acordes com as tuas ideias não incomodes o patamar de cima

depois meteram-nos medo já não me lembro quando foi

mas antes ainda tivémos tempo para ver lentamente evaporar-se a última molécula de agá dois ó das carnes ressequidas do nosso faraó

fui parvo fui traído não me apanham noutra a minha cara não a dou a nada nem a ninguém é só para mim não quero saber meto-me em casa suspiro ai jesus porque sinto eu ainda esta angústia aqui dentro onde vou eu guardar que não se estraguem o peito e a alegria

a tristeza não nos deu força assim como a austeridade não vai salvar a economia

mas o tempo passou por nós e por momentos foi nosso e nós que o tivemos onde o gastámos

fomos às compras fomos de carrinho e assistimos extasiados ao agigantar dos mercados e foi aqui que chegou o medo já me lembro foi tudo muito lento até parecia que não acontecia mas desaprendemos desensinaram-nos e com todo o prazer desligamo-nos pelas nossas mãos das nossas próprias armas da cultura da sabedoria da memória desligamo-nos simplesmente puff porque era doce fofinho e tinha estilo

vemo-nos agora tão ignorantes tão frágeis tão dependentes do pão prá boca presos pela barriga que escolhemos não ver a farsa descarada que nos domina

que fazer perante a performance mais farsola a que alguma vez os nossos eleitos já se atreveram os super farsolas eleitos que nunca nos representam e assim permanecem eleitos representantes dos outros dos que nos querem a trabalhar rápido muito e barato

isto faz algum sentido consegues ver a razão porque alimentas esta máquina que te prejudica

abro o armário visto o peito e a alegria e vou para a rua reencontrar pessoas

já chega


Um banco é um negócio.
Emprestar dinheiro um eufemismo.
Eles compram dinheiro barato e vendem-no caro. É disso que vivem, o resto é conversa.
Estão à toa com a Grécia porque foram buscar dinheiro a 1% e venderam-no n vezes mais caro.
Agora que se avoluma a hipótese de incumprimento arrancam os cabelos, rasgam as vestes e dizem que não, que não pode ser, que assim o seu negócio privado irá à falência, que o Sol deixará de nascer, o mundo de girar e que as gentes passarão a uivar, os lobos a miar, os leões comerão alface e os grilos esses, perderão as asas como as avestruzes e enfiarão a cabeça no buraco cósmico e não voltarão jamais.
Por que carga de água será um banco privado mais importante que a mercearia da minha rua? Porque passarão impunes os seus crimes, os seus desvios,a sua falta de ética e os do latoeiro não?
Quanto do nosso futuro entregamos já nas mãos de semelhante gente?
Juram-nos que não há alternativa, que sem eles não haverá salário, nem reforma nem farinha, nem pão; alguém acredita nisto?
Com eles haverá salário e reforma e pão? Haverá esperança para os nossos filhos?
Agora que lhes cheiro o medo percebo as suas fraquezas e sei e vejo claramente visto que não são as nossas.
Sempre edificaram no nada, castelos de nuvens, ventos, fogos fátuos e nós na cegueira que nos foi imposta, imaginamos e construímos e confiamos e abdicamos.
Agora que tal mudar?

sábado, 22 de outubro de 2011

Finalmente um debate conclusivo


Eh pá! É bom saber que a esquerda urbana está em cima dos acontecimentos, que os debates são esclarecedores, que existe de facto um latrinário contributo dos excelsos pensadores para  a resolução dos problemas que vivemos; da tragédia que se avizinha.
Quando tiver os gorilas da polícia de choque à frente, já poderei fazer a síntese e ir descansadinho para o sofá da sala.
Graças a um e a outro mais ao séquito de ilustríssimos comentadores todos ficamos mais esclarecidos.
Grato pelo contributo integro-me no grupo dos estarolas e sigo de forma incondicional o revolucionário caminho.
Bem hajam!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O "Cratês" explicado às criancinhas.


Nuno Paulo de Arrobas Sousa Crato, parente ainda do 1º. Visconde da Luz, com IM, ou seja, comendador da Ordem do Infante, nunca se interessou na vida pelo ensino, ou pelos seus profissionais.
A maioria dos professores portugueses acreditou que o homem vinha mudar tudo. Não vem. O que Crato vem trazer é uma espessa ignorância misturada com uma peganhenta ideologia e uma boa dose de cinismo.
Crato é um matemática que terá vivido nos EUA e onde ensinou nalguns institutos tecnológicos da zona de Nova Jersey.
Durante anos escrevinhou umas coisas no Expresso onde misturava divulgação científica, dizem alguns ( parece que ganhou algumas distinções nessa área...) com a venda de uma ideologia importada das américas. Aliás, a propósito do Teorema de Fermat, conseguia terminar o artigo criticando o facilitismo, a ausência de exames, o laxismo do sistema.
A propósito de um matemático desconhecido lá conseguia falar do eduquês, dos exames, do facilitismo, da ausência de esforço, do laxismo do sistema.
Toneladas de tinta gastou com isto: o laxismo, a ausência de exames, o facilitismo e o eduquês. Tantas páginas que acabou ministro, depois de uma passagem pela Sic e pelo interessante programa onde pontificava como comentador, conjuntamente com o jornaleiro Crespo e e esse Jeremias moderno: o doutor, outras vezes professor, outras ainda ex-ministro, de vez em quando, fiscalista, Medina Carreira. Este, aliás, dos melhores entertainers da televisão portuguesa.
Crato inventou, pois, o "eduquês", a doença que corrói a educação em Portugal e que terminou com os exames, trouxe o facilitismo, o laxismo e...claro está...a ausência de exames.
Nisto se resumem as ideias de Crato para a educação.
Depois da imbecil MLR, o terreno estava adubado e pronto para este conjunto de ideias vazias, de ignorância sobre o que é a escola, sobre a sociedade que a escola deve servir...enfim..sobretudo o que interessa.
Espessa ignorância e peganhenta ideologia. Sobre a ignorância, estamos conversados. Maçarei os leitores mais tarde sobre a ideologia de Crato.

"000,1%"....


de possibilidades de sair alguma ideia de jeito da cabeça deste rapaz. Esperemos que tenha a funcionar o tal laboratório de ideias depressa...

Temos Homem



Temos um Presidente da República indignado.
Não concorda com os cortes nos subsídios de férias e de natal, que serão aplicados a partir de 2012 (sabe-se lá até quando) aos funcionários públicos.
Afirma-o corajosamente e refere que já o tinha afirmado antes. O homem, essa bandeira dos deserdados, é a favor da equidade fiscal.
De seguida, quando falar à nação no dia da greve geral, ladeado pelos representantes dos sindicatos, exigirá a taxação das grandes fortunas, a cativação dos nove milhões de euros que saem diariamente para os mais diversos offshores, defenderá que a banca pague IRC ao nível das restantes empresas, exigirá que os bens daqueles que se aboletaram com os roubos no BPN, BCP e afins revertam para o Estado, afirmará a necessidade da devolução dos prémios de produtividade por parte dos gestores de empresas públicas que sempre deram prejuízo, gritará o fim das PPP, dirá alto e bom som que desde os anos setenta o salário mínimo aumentou cerca de setenta euros e as pensões mais baixas cerca de trinta, indignar-se-á contra o fim da escola pública e com as taxas moderadoras na saúde, rejeitará publicamente a ciranda entre o governo e os grupos económicos por parte de alguns figurões que por aí pululam, tomará posição firme contra as privatizações dos CTT, da CGD, da Água, de todas as empresas cuja a actividade seja nuclear para a garantia dos nossos direitos mais elementares, garantirá perante todos a primazia do interesse nacional sobre as negociatas dos credores ao defender uma auditoria à dívida soberana…
Finalmente temos homem! Enganam-se os que dizem que isto tudo é apenas por causa dos dez mil e tal euros que ele recebe de pensões…

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tertúlias


A Presidente da Assembleia da República, quer promover tertúlias para aproximar os deputados do "cidadão comum".
Que ideia interessante! Os deputados a tomar a bica, num café perto de si, rodeados de cidadãos comuns, a falarem dos mais variados temas, todos irmanados do mesmo espírito.
As pessoas saberiam assim que os eleitos da nação, são gente como eles, de carne e osso (quem diria?) com os mesmos problemas, as mesmas dores nas costas, as idênticas pedras nos rins.
Isto aproximaria os cidadãos do Parlamento, levá-los-ia a encarar o trabalho esforçado dos legisladores sob uma perspectiva mais humana, comporia enfim o ramalhete da docilidade bovina que se pretende em tempos de crise.
Parece mesmo que se avançou com a primeira reunião político/tuperware no café "Martinho da Arcada", onde em tempos o Pessoa que, como se sabe, era muito dado a este tipo de manifestações, ia beber o seu absinto da ordem e escrever umas coisitas.
Não sei muito bem que cafés se seguirão, ou que restaurantes, nem sei se os deputados aparecerão numa carrinha de nove lugares ou num autocarro descapotável, se haverá mesas para a comunicação social, se a Fátima Campos Ferreira será convidada para moderar a tertúlia...
Também não faço ideia se a população em geral será convidada, se será admitido apenas o pessoal do bairro, se eventualmente poderão estar presentes apenas os vizinhos dos deputados...
Outra coisa será também o tema da tertúlia... pesca? caça? futebol? Teoria Geral do Direito Civil?
É de facto uma excelente ideia. Na sequência aliás das conversas em família que o Professor Doutor Marcello Caetano tinha com as câmaras da RTPreto e branco há uns anitos atrás, quando o Poeta ainda era o Camões...

de um dia para o outro


de repente comecei a cheirar mal dos sovacos foi de repente assim zás num piscar de olhos num momento cheirava bem e no momento a seguir já tresandava

de repente perdi a paciência foi de um dia para o outro deitei-me ainda a fazer um esforço acordei e estava tudo estragado

sem paciência e a cheirar mal vejo-me hoje a percorrer a minha cidade e vejo a minha cidade cada vez menos minha deixam-me cá estar apesar de cheirar mal

indignado finalmente ergo o punho na revolta

baixem os braços que cheira mal apela o ministro na televisão e penso o homem é capaz de ter razão

Mijam-nos em cima e dizem que é chuva


Será assim tão importante neste momento saber para onde vamos?
Ou será mais importante arrasar um paradigma sem sentido, velho de séculos, construído num pressuposto que já não existe?
Será que conseguiremos por muito mais tempo suportar uma sociedade do efémero, consumista, orientada para o lucro, em que a informação é secundarizada pela emergência da notícia? Em que a formação tomou a primazia, relegando a educação para um espaço minimalista?
Em que a saúde foi ultrapassada pelos cuidados médicos?
Em que a referência do tempo é o dinheiro?
Em que somos transformados em reprodutores que desmamam as crias e abdicam delas para as enfiar num espaço de formatação, de adequação ao mundo do trabalho, que por acaso se chama escola?
Uma sociedade em que vivemos aglomerados em colmeias, aos milhões, para estarmos mais próximos do trabalho?
Em que somos seriados, identificados por cartões plastificados que usamos para tudo?
Somos o chip que transportamos ou haverá mais vida dentro de nós?
Emoções?
Estamos agora no século XXI a regredir até ao obscurantismo medieval, feitos servos da gleba, a trabalhar para pagar dívidas que não criámos, consequência de produtos que não usamos, que não nos servem, mas que julgamos imprescindíveis para o nosso bem estar, somos autómatos, apenas antropomórficos, por vezes sentimos e revoltamo-nos, a maior parte das vezes retrocedemos porque nos impuseram a razão e nos fizeram esquecer que sentir é a essência da nossa humanidade.
Há mundos para além do medo, só os descobriremos se tivermos a coragem de rasgar os véus que nos cobrem a existência.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O jargão do BCE eo jargão dos sindicatos


A entrevista deprimente que o ministro das finanças deste triste país deu ontem é absolutamente confrangedora. "Repare que...", a "situação é muito volátil..." e outra vez o "repare que...".
A mais interessante é a justificação para o aumento de meia hora de trabalho: "é uma medida não convencional".
Aliás, o BCE não tem feito outra coisa do que utilizar "medidas não convencionais" na gestão da crise...
A medidas "pouco convencionais", por exemplo, o roubo aos meus pais do dinheiro que é deles, já que para isso descontaram, ou o roubo de 24% do ordenado anual aos funcionários públicos, respondem as duas centrais sindicais com uma medida extraordinária: UMA GREVE GERAL.
Fantástico.E num dia histórico: um ano depois da greve geral conjunta.
Ena! Percebo agora a extraordinária alegria do "comentariado" de direita, centro e esquerda: graças a Deus e a Melo Antunes temos um Partido Comunista ordeiro, organizado e que faz greves ordeiras, organizadas, sem incidentes, sem anarquistas ( ui...que medo). Assim, podemos fazer o que queremos, que a contestação está garantida. Organizadinha.. qual Grécia, qual quê...nem precisamos de Polícia de Choque.
A uma declaração de guerra social como a que esta gente fez, respondemos com a simpática GREVE GERAL.
Quem vai fazer? os precários? a malta dos recibos verdes? os operários da chafarica do sr. Fulano que está à rasca para lhes pagar?
E que tal novas formas? Novas formas de combate? É legal esta vigarice do subsídio de férias e de Natal? A lei prevê isso? E que tal recorrer para os tribunais?
Uma greve geral? E que tal um conjunto de greves sectoriais?Link
Um dia param as escolas e a disrupção na vida das pessoas é o triplo de uma greve geral. Noutro os transportes, os profissionais da saúde no outro dia, os tribunais a seguir com o inevitável adiamento de audiências, julgamentos, e outros actos...a seguir as transportadoras..
A eficácia destes paralisações ao longo de uma semana parava o país. E eram francamente mais eficazes que esta tolice da greve geral.
O seu a seu dono, a ideia não é minha. É retirada daqui

Orçamento do Estado


Com a fé não se discute! A piada toda é que este mais o Moedinhas e o tal que pensa que é ministro, o Álvaro vão ser os primeiros a ser sacrificados.
Não se discute com a fé e não se discute com as bases do partido...

Capas tristes

Cântico Negro






Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Convém recordar...

Convém recordar: António Lobo Xavier
Administrador não executivo da Sonaecom, da Mota-Engil e do BPI, auferiu 83 mil euros no ano passado (não está contemplado o salário na operadora de telecomunicações, já que não consta do relatório da empresa). Tendo estado presente em 22 encontros dos conselhos de administração destas empresas, o advogado ganhou, por reunião, mais de 3700 euros.
Estes é um dos indivíduos que vai rotineiramente à televisão explicar aos portugueses a necessidade de sacrifícios e de redução de salários...


Convém recordar: José Pedro Aguiar-Branco

O ex-vice presidente do PSD e agora ministro da defesa é outro dos "campeões" dos cargos nas cotadas nacionais. O advogado é presidente da mesa da Semapa (que não divulga o salário do advogado), da Portucel e da Impresa, entre vários outros cargos. Por duas AG em 2009, Aguiar-Branco recebeu 8 080 euros, ou seja, 4 040 por reunião.
Estes é um dos indivíduos que vai rotineiramente à televisão explicar aos portugueses a necessidade de sacrifícios e de redução de salários... E agora é Ministro da Defesa.


Convém recordar: António Nogueira Leite

É administrador não executivo na Brisa, EDP Renováveis e Reditus, entre outros cargos. O economista recebeu 193 mil euros, estando presente em 36 encontros destas companhias. O que corresponde a mais de 5 300 euros por reunião.
Estes é um dos indivíduos que vai rotineiramente à televisão explicar aos portugueses a necessidade de sacrifícios e de redução de salários...


Convém recordar: João Vieira Castro
É o segundo mais bem pago por reunião (na infografia, a ordem é pelo total de salário). O advogado recebeu, em 2009, 45 mil euros por apenas quatro reuniões, já que é presidente da mesa da assembleia geral do BPI, da Jerónimo Martins, da Sonaecom e da Sonae Indústria.


Convém recordar: Daniel Proença de Carvalho
É o responsável com mais cargos entre os administradores não executivos das companhias do PSI-20, e também o mais bem pago. O advogado é presidente do conselho de administração da Zon, é membro da comissão de remunerações do BES, vice-presidente da mesa da assembleia geral da CGD e presidente da mesa na Galp Energia. E estes são apenas os cargos em empresas cotadas, já que Proença de Carvalho desempenha funções semelhantes em mais de 30 empresas. Considerando apenas estas quatro empresas (já que só é possível saber a remuneração em empresas cotadas em bolsa), o advogado recebeu 252 mil euros. Tendo em conta que esteve presente em 16 reuniões, Proença de Carvalho recebeu, em média e em 2009, 15,8 mil euros por reunião.
Estes é um dos indivíduos que vai rotineiramente à televisão explicar aos portugueses a necessidade de sacrifícios e de redução de salários...


Convém recordar: Gestores não executivos recebem 7 400 euros por reunião!!!
Embora não desempenhem cargos de gestão, administradores são bem pagos.
Por cada reunião do conselho de administração das cotadas do PSI--20, os administradores não executivos - ou seja, sem funções de gestão - receberam 7427 euros. Segundo contas feitas pelo DN, tendo em conta os responsáveis que ocupam mais cargos deste tipo, esta foi a média de salário obtido em 2009. Daniel Proença de Carvalho, António Nogueira Leite, José Pedro Aguiar-Branco, António Lobo Xavier e João Vieira Castro são os "campeões" deste tipo de funções nas cotadas, sendo que o salário varia conforme as empresas em que trabalham.
Estes são alguns dos indivíduos que vão rotineiramente à televisão explicar aos portugueses a necessidade de sacrifícios e de redução de salários...
Acabou o recreio e o receio!

Nenhum governante fala em:
1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, etc.) dos três ex-Presidentes da República.
2. Redução do número de deputados da Assembleia da República para 80, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do pagode.
3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego.
4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.
5. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê? E os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se uns têm de cumprir porque não cumprem os outros? e se não são verificados como podem ser auditados?
6. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821.
7. Redução drástica das Juntas de Freguesia. Acabar com o pagamento de 200 euros por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 euros nas Juntas de Freguesia.
8. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas actividades.
9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País;.
10. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias e até, os filhos das amantes...
11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.
12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc.
13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis.
14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total. HÁ QUADROS (directores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DÁ COISA PÚBLICA.
15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCIPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ás oligarquias locais do partido no poder.
16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar.
17. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado e entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.
18. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP.
19. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e Quejandos, onde quer que estejam e por aí fora.
20. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma recebe todos os anos.
21. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam milhões ao erário público.
22. Acabar com os ordenados de milionários da TAP, com milhares de funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares e que pertencem a quadros do Partido Único (PS + PSD).
23. Assim e desta forma, Sr. Ministro das Finanças, recuperaremos depressa a nossa posição e sobretudo, a credibilidade tão abalada pela corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros do Estado.
24. Acabar com o regabofe da pantomina das PPP (Parcerias Público Privado), que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos patifes se locupletarem com fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo ao controle seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo preço que "entendem".
25. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controlo, e vivendo à tripa forra à custa dos dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efectivamente dela precisam;
26. Controlar rigorosamente toda a actividade bancária por forma a que, daqui a mais uns anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra crise".
27. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida.
28. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.
29. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu património antes e depois.
30. Pôr os Bancos a pagar impostos.


informação que anda a circular num email, autor desconhecido