2011 foi o ano que iniciamos como cidadãos e encerramos como hilotas.
Ao abdicarmos sem luta da nossa soberania, alienamos a nossa liberdade e agora somos apenas braços, sem cabeça, sem autonomia. Vivemos para trabalhar.
somos um Sísifo colectivo, acorrentados a uma existência sem esperança.
E mesmo assim, apesar de conscientes desta condição, não reagimos, não ultrapassamos o medo, baixamos a cerviz, e continuamos a seguir a voz dos capatazes.
Sim! somos instruídos por capatazes que elegemos, mas que são os piores de nós, porque se o nosso medo é colectivo, o deles é egoísta. Cuidam que agradando aos opressores, se salvam do desviver. Preferem ser metecos em terra alheia, mesmo que seja a que os viu nascer, a assumirem os direitos de quem lhes confiou o destino e a quem mentiram e atraiçoaram. São psicopatas os nossos capatazes! sem culpas, nem ambição que não seja o que vêem à frente dos narizes.
Tiram-nos direitos e chamam-lhes regalias, roubam-nos a escola dos filhos, condenam-nos à doença, impõem-nos o trabalho sem retorno, perseguem-nos a dignidade e apregoam que assim tem de ser, que é este o caminho que leva à libertação, que a pobreza é abundância. Cantam em coro "Arbeit Macht Frei" e riem-se nos seus gabinetes à prova de lágrimas, e passeiam-se nos seus carros potentes por entre o povo a quem roubaram tudo.
Entretanto aconselham-nos a partir, a emigrar a deixar de mãos vazias uma terra que já não é a nossa.
2012 será o ano que iniciaremos como hilotas e viveremos feitos escravos, ou então como cidadãos... se perdermos o medo.
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