sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O capitalismo a nossa cobra

Há uns dias atrás um apareceu um video de um corretor da bolsa na tv e tambem pela net. Dizia o sr que quem mandava o mundo não eram os governos mas sim corretoras, que estava contentissimo com a crise porque ganhava dinheiro e coisas do estilo. Ficou meio (mais de meio) mundo escandalizado...
Não percebi porquê, desculpem lá, mas foi porque tomaram consciencia do facto ou porque alguem o disse na tv? Alguem duvida ainda que é o Capitalismo que manda nisto????

O mês de Outubro é o mês da revolta e começa já amanhã!
Não fiques em casa!


A cobra tem olhos de vidro,
A cobra vem e fica preso numa vara
Com seus olhos de vidro numa vara
Com seus olhos de vidro.

A cobra caminha sem patas,
A cobra esconde-se na erva
Anda escondida na erva
Caminhando sem patas.

Mayombe bombe, Mayombe
Mayombe bombe, Mayombe
Mayombe bombe, Mayombe.

Tu dás-lhe com o machado e morre
Dá-lhe já!
Não lhe dês com o pé que te morde
Não lhe dês com o pé que se vai embora

Sensemayá cobra, Sensemaya,
Sensemayá com os olhos, Sensemaya,
Sensemayá com a língua, Sensemaya,
Sensemayá com a boca, Sensemaya.

A cobra morta não pode comer,
A cobra morta não pode assobiar,
Não pode andar, não pode correr.
A cobra morta não pode ver,
A cobra morta não pode beber.
Não pode respirar, não pode morder.

Mayombe bombe, Mayombe
Sensemayá a cobra.
Mayombe bombe, Mayombe
Sensemayá sem se mover.
Mayombe bombe, Mayombe
Sensemayá a cobra.
Mayombe bombe, Mayombe
Sensemayá, morreu!


A Letra é do poeta cubano Nicolás Guillen, foi musicada pelo musico mexicano Revueltas. Aqui é interpretada pelo grupo chileno Inti-illimani, um dos grupos musicais criados durante o periodo de Allende.
Com mais de trinta anos, Inti-illimani continuam activos e a ser dos grupos mais conhecidos de musica folclorica e revolucionaria da America Latina!


cheira-me a esturro


sabes que em évora há pessoas neste momento que estão a preparar uma manifestação só porque lhes apetece ninguém as mandatou ninguém as incumbiu incumbiram-se a elas próprias já tinhas ouvido falar disso dessa gente dessas pessoas algumas mal se conhecem e são quase todas diferentes umas das outras e o mais certo é cada uma por sua vez também ser diferente de si própria disseram-me que se reúnem e falam do que pensam e discutem uns sentados outros de pé uns falam mais outros nem por isso uns falam alto outros também que remédio uns por cima dos outros disse-me alguém que os escutou nas assembleias da praça que às vezes todos se calam para ouvir os que falam baixinho e até já foram vistos a puxar uns pelos outros à procura dentro uns dos outros do que de lá pode sair de melhor sabias disso

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Coisas da Vida



O despertador na mesa-de-cabeceira dá o sinal, são seis da manhã.
António, estremunhado, sacode o sono e levanta-se como um autómato. Tem de acordar a miúda, preparar-lhe o pequeno-almoço, arranjar-lhe a roupa para vestir depois do banho.
A mulher está no turno da noite, só chegará a casa mais tarde, por isso hoje toca-lhe organizar as coisas. A bem dizer tirando hoje tem sido assim quase todos os dias desde que está desempregado, vai para meses… tantos que o prazo do subsídio de desemprego já se esgotou. Não fosse o dinheiro que a companheira traz e já há muito estariam a viver debaixo da ponte.
Entretanto perdeu a esperança de arranjar trabalho, uns biscates aqui e ali, umas promessas que dão em nada… primeiro desfez-se do carro, depois foi vendendo coisas da casa, o computador, peças do enxoval, o ouro… agora só lhe resta a aliança, mas mesmo essa vai marchar; também com o casamento no estado em que está, contam-se por dias a sua utilidade, se é que alguma vez teve alguma…
Não é que não goste da mulher e ela dele, mas as discussões são tantas, os gritos, os murros na porta, os choros dela e da filha.
Tudo por causa do dinheiro! Mas que culpa tem ele de estar no desemprego? Sempre trabalhou, sempre cumpriu, Que culpa tem?
De início fartou-se de palmilhar ruas, telefonar, procurar o que quer que fosse, mas depois cansou-se e começou a ir para o café, assim ao menos a companheira não saberia que ele já tinha desistido. Começou a beber, um copo aqui, outro ali… claro que a mulher soube da vida em que andava, foi então que começaram as discussões, a existência transformada num inferno. A miúda coitada começou a andar nervosa, a molhar a cama, a ter problemas na escola. Por falar em escola... até tem problemas em a levar às aulas, há meses que não paga os almoços, mas também para quem já faz desvios para evitar as lojas do bairro, isso pouco importa; qualquer dia até a casa lhe tiram, já nem se lembra da última renda que pagou.
Não há leite no frigorífico, nem há pão, a gaiata vai ter de ir mais uma vez em jejum, oxalá a mãe dela consiga trazer alguma coisa lá da cantina da fábrica, senão… nem jantar a criança vai ter.
Ao princípio a família ainda o ia ajudando, especialmente à cachopa, mas agora também não podem, está mau para todos, é o que dizem.
Outro dia, alguém o desfiou para ir roubar cobre; se calhar é isso que vai fazer. Quem diz cobre diz outra coisa qualquer, não pode é continuar assim.
Vá lá que o tempo até nem vai mau, mas quando chegar o inverno como será? Tem mesmo de fazer alguma coisa.
Dói-lhe a cabeça; ontem esteve a fazer tempo para a mulher abalar para o trabalho e meteu-se nos copos, ficou a dever, tão cedo não vai voltar aquele café…
Que raio de vida!
p.s. escrevo no dia 101 deste governo, que conhece tanto as gentes do seu país com eu conheço a marca do ar condicionado da residência oficial do Primeiro-Ministro.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Solidariedade à Força


Hoje cumpre-se o centésimo dia de governação Ali Baba.
Desengane-se quem pensa que Ali Baba é assim a modos que um Robin Hood das arábias, nada disso!
Ali Baba é um tipo perigoso, sem cervical, que desfruta do acaso para se apropriar do que lhe não pertence.
Foi assim com a gruta dos quarenta ladrões em que ouviu inadvertidamente o signo mágico do Abre-te Sésamo, foi também assim no assalto ao governo deste país em que se apropriou da palavra troika para entrar nas poupanças dos portugueses.
Ali Baba é um homem perigoso, rodeado de facínoras sem palavra nem ética, que não satisfeitos com aquilo que roubam aos pais, se viram agora para os filhos.
Depois de proclamarem aos quatro ventos, que o esforço deve ser recompensado, que as crianças e os jovens têm de ser estimulados no seu percurso académico... fazem isto.
Deixam os miúdos sonhar com o prémio que lhes foi prometido, muitos deles de certeza orgulhosos pelo primeiro dinheiro ganho com o seu esforço e quase sem aviso prévio obrigam-nos a distribuir o que conseguiram, para cumprir a sua miserável política de esmolas e de desmembramento da escola pública.
Isto é um nojo, talvez do pior que já se tenha feito no nosso triste país.
Inventou-se um novo conceito que começa a ser incutido desde o banco das escolas: A solidariedade à força!
Tenho que admitir que depois de mais esta, se fosse um jovem, emigraria de certeza! Ou então dava-lhes solidariamente com um pau de marmeleiro pelo lombo, ou as duas coisas.
É uma indignidade! Um roubo miserável um atentado ao carácter dos nossos miúdos!

"Maçã Com Bicho"

E porque é fruta da época, dedico este tema a todos os energúmenos universitários...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

do amor ao ódio

Do amor ao ódio vai um passo São tão próximos, tão vizinhos da paixão… Um é reflexo do outro e de permeio, nas sombras que ambos ocultam, vive o mundo dos seus encontros, o mar dos seus desencontros. Ignoram que para além das suas fronteiras outros amores e ódios existem, outras fingidas indiferenças, arrebatamentos e súplicas de desenganos. Revejo nos outros uma pálida imagem de mim, o quanto baste para me prender de amor e ódio, para com o coração soltar e com ele me prender… Assim em mim, assim nos mundos que percorro em busca de um infinito que sei inexistente. Tudo se esgota, num suspiro, num sufoco, num voo desordenado… tanto faz. Agora existo e isso basta, basta a quietude do silêncio que me invade o espaço e vem de uma porta que ainda não transpus, misturado, compassado, como o Aleph, esse ponto cardeal do absoluto…

A Besta Política

Alberto João Jardim põe-se a jeito para levar no focinho!!
















Só pode estar a falar dele, claro. Porque esta besta (que não tem outro nome) ofende tudo e todos com a sua arrogância, a sua manipulação, coação e falta de tacto... já para não falar na incapacidade para gerir dinheiro em prol do interesse público. Tudo o que não seja a sua biografia em livro (conta-se que comprou quase todos os exemplares com dinheiros públicos), as obras faraónicas que lhe dá na real gana mandar fazer, jantaradas e fogo de artifício para inglês ver e o povo se entreter, não interessa.

imagem retirada do jornal Destak de 27.9.2011

o mau estado em que estamos



com o estado da nação posso eu bem

preocupante é o estado em que estamos nós

pessoas

com medo do fracasso

medo de desobedecer

medo de ver nascer o imprevisível

medo de caminhar para o inacessível

medo de amar os companheiros de luta

medo de sair da eficaz indumentária de funcionário que funciona

mas gostamos de livros

e já quase percebemos o que é a poesia

só não queremos perceber que a vida quer ser como ela

e as palavras do poeta soam nas nossas bocas

em dia de recital

Petulantes são os cravos que já murcharam e ainda não deram por isso…



Para dia 15 de Outubro existe uma proposta de manifestação que se tudo correr bem terá lugar no país inteiro, melhor dizendo, em diversos pontos deste país.
É uma manifestação de múltiplas bandeiras, uma manifestação de descontentamento, de recusa, de afirmação pela escolha de caminhos diferentes daqueles que nos querem impor.
Uma manifestação política!
Todos os dias assistimos à retirada de direitos, à imposição de sacrifícios, à sonegação de informação que nos permita no mínimo antecipar o que será o amanhã. Ninguém que viva exclusivamente do seu trabalho, pode afirmar com segurança que não estará no desemprego, que não se verá numa situação precária, que não terá de um dia vir a recorrer à caridadezinha assistencialista em que pretendem transformar todos os direitos que julgávamos ter conquistado no 25 de Abril.
É de facto uma manifestação política, uma demonstração de força, um grito de revolta e ao mesmo tempo de aviso. Não podemos continuar assim, não vamos permitir que isso aconteça.
Quando o primeiro-ministro e o ministro das finanças afirmam que o pior ainda está para vir, quando todos os dias somos confrontados com desvios criminosos de dinheiros públicos, e aqui convém salientar que o dinheiro não desaparece por artes mágicas, ou seja, alguém se aproveitou, alguém ficou com ele; quando sistematicamente vemos o trabalho taxado e o capital a saltar de bolso em bolso, de ostentação pacóvia em ostentação pacóvia, quando as bolsas de estudo dos nossos filhos desaparecem, quando os livros são pagos a preço de ouro, quando aumentam o preço dos transportes e o passe social e fazem o favor de transformar trabalhadores em indigentes, para que tenham desconto nos mesmos, quando cortam nos abonos de família e aumentam as tarifas da água, do gás, da luz; quando aumentam o IVA, quando inventam o despedimento por justa causa à medida das conveniências do patronato, quando reduzem indemnizações e prazos de subsídios, quando aumentam as taxas moderadoras e os preços dos medicamentos, quando diminuem pensões e reformas, quando nos sufocam e matam aos poucos de morte segura e sofrida… A manifestação é política e é uma declaração de princípios; de cidadania de respeito por nós próprios, pelos nossos filhos, pelos nossos pais.
Podemos fazer disto o que quisermos, não podemos é deixar que façam de nós o que quiserem.
Não é à toa que o único ministério que vê as suas verbas aumentadas é o MAI, o ministério da repressão.
Dia quinze de Outubro vai ter lugar o início do debate do OE para 2012, na rua, no emprego, na escola, em toda a parte temos uma palavra a dizer.
Sem medo de perder o que quer que seja, PORQUE JÁ NÃO TEMOS NADA!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Dilma ou o direito de voto na Arabia Saudita

No passado dia 23 de Setembro, quase 11 anos desde o inicio do Sec XXI, Dilma Roussef foi a primeira Mulher a fazer o discurso de abertura na Assembleia Geral da Onu.
Seria um motivo de regozijo se:
- milhões de mulheres não fossem ainda impedidas pelas leis (digo, homens) dos seus países de votar;
- se milhões de mulheres não fossem vitimas diarias de violencia domestica (em portugal morreram no ano de 2010, 43 mulheres e do primeiro trimestre deste ano, já perderam a vida 17)
- se milhares de mulheres não fossem vitimas da chamda "defesa da honra", prevista ainda nos codigos penais de varios países
- se milhões de meninas e mulheres não fossem vitimas de mutilação genital




Lila Downs é uma cantautora Mexicana, um dos grandes nomes da musica latinoamerica deste seculo. Esta canção é dedicada à luta das mulheres em geral e a Digna Ochoa, lutadora defensora dos direitos humanos assassinada em 2001

domingo, 25 de setembro de 2011

Bicho na madeira e praga no continente


O que aconteceu ao dinheiro na Madeira? Foi todo gasto em fogo-de-artifício!?!?
Como é que isto acontece sem os sucessivos governos darem conta!?
Por mim, entregavam a Madeira à França para ensaios nucleares, mas não antes de fazerem um clister radioactivo ao Alberto João.
Como é que é possível... ai espera, o resto do país está ainda pior, pois é!
Continuo a achar que isto é tudo culpa do Cavaco. Basta fazer uma listagem de todos os seus amigalhaços que passaram pelo seu governo e ver onde e com quem têm andado metidos. É só mafiosos, contrabandistas e bancários.
Putria (páta!?) que os pariu!!

sábado, 24 de setembro de 2011

Lá como cá ontem hoje e amanhã


Glauber Rocha e Caetano Veloso por romlofi

Palestina ou o Direito à Autodeterminação dos Povos

O direito à Autodeterminação dos Povos está consagrado na Carta da ONU. O Povo da Palestina tem o direito tal como o Povo de Israel de decidir o seu presente e o seu futuro. Hoje, pela voz do seu "Presidente" Mahmoud Abbas, apresentou o seu pedido para que o Estado da Palestina integre como membro de pleno direito a ONU. Se tal pedido fosse aceite, significaria que o "Estado da Palestina" deixaria de ser ocupado pelo Estado de Israel.
(Não podemos esquecer que mais Povos continuam a lutar pela autodeterminação, como por exemplo aqui bem perto o Povo Sarauí!)


Niguem sabe

Ninguem sabe

Que volta terá amanhã

Os céus por cima dos campos de refugiados são cinzentos

Sonhos rabiscados à pressa nas paredes.

Sob os slogans,

as crianças da cidade

desempenham o seu jogo

A morte.

Ninguem sabe.

Os heróis de hoje

são anunciados mortos no noticiário da noite.

Pessoas comuns

fazem as manchetes por alguns segundos,

apenas para desaparecer

sem deixar rastros

na corrente dos eventos de outro dia.

Ninguém sabe,

ninguém sabe.

Mas eu sei que as vítimas de amanhã

trarão um novo amanhecer perto.

Ninguém sabe.

Poema de Nizar Zreik interpretado por Amal Murkus (cantora palestiniana)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Que vivan los estudiantes!

Há mais de três meses os estudantes chilenos saem à rua apoiados pelos pais, profressores para lutar por uma educação publica de qualidade. No Chile o estado só comparticipa com 25% do financiamento necessario à educação de cada estudante, os outros 75% são suportados pelo estudante. Contra uma educação de classes, por uma educação com classe é uma das palavras de ordem utilizada. Hoje 22 de Setembro os estudantes foram novamente para rua reivindicar um direito : o direito à educação. Antes que esse direito tenha de ser reivindicado em Portugal, vamos lutar por ele já!
A canção foi escrita por Violeta Parra, uma das maiores cantautoras do Chile. Provavelmente nunca ouviram falar do seu nome, mas uma das suas canções Gracias à la vida é uma das mais conhecidas canções de sempre. A interpretação é da voz da America Latina - Mercedes Sosa.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A Manif

A MANIF

Pelos vistos houve ontem um encontro entre cidadãos que subscrevem o movimento “A Cultura Manifesta-se na Rua”.

Nada ficou decidido, porque é necessária a ratificação da “Assembleia” semanal que todas as segundas se reúne na Praça do Sertório.

E o que é que não ficou decido?

É ponto assente que a “Cultura Manifesta-se” vai integrar o Movimento 15.O. Que vai organizar dia 15 de Outubro uma manifestação aqui em Évora.

Discute-se em que moldes, recolhem-se sugestões, reúnem-se apoios. Se fosse apenas uma manif, talvez fosse melhor ir a Lisboa integrar o cordão mais numeroso, fazer número. Mas a democracia é participação e a participação democrática faz-se de diferentes abordagens, de múltiplos contributos, de partilha de ideias, mas também de de tudo o que essas ideias gestam.

Gente é precisa. Músicos, Artesãos, Artistas Plásticos, Espectadores, Performers, Actores, Adultos e Crianças, Pais e filhos e Avós, Leitores, Criadores de Textos, Dançarinos, Xamãs, gente de todas as cores e formas e feitios; PESSOAS!

Foi precisamente isso que foi aventado, a forma de concretizar esse grito de cidadania. Nós não queremos apenas dizer que não, queremos ser parte da solução, somos parte da solução, quer queiram quer não!

Segunda feira vamos todos e mais alguns (quantos mais melhor) iniciar a concretização desta viagem.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

11 de Setembro esquecido

A 11 de Setembro de 1973 um golpe de estado no Chile derruba um governo eleito democraticamente e provoca nos dias, meses, anos seguintes mais de 30 mil mortos! Um destes mortos foi Victor Jara, cantautor torturado e assassinado no dia 17 de Setembro. Deixo aqui a minha homenagem com este pequeno video. É tambem para todos os povos que não vivem ainda em Paz.


O Alberto João



Nós somos assim, precisamos de um mentecapto bem sucedido, desbocado, chico-esperto, um narciso invisual a largar postas de pescada, para podermos vislumbrar uma chance de sucesso nas nossas vidas cinzentas.
Os Italianos tinham o Mike Buongiorno, nós temos o Alberto João. Só que o Mike era um apresentador de televisão, fazia concursos, distribuía dinheiro que sequer lhe passava pelas mãos, já o Alberto João, querendo ser apresentador, aspirando à suprema glória de vir a tornar-se no mais conhecido one man show da Macaronésia, é o presidente do governo regional da Madeira e se tal como o seu émulo distribui dinheiro que não é seu o vil metal passa-lhe pelas mãos.
Ele é o produtor, o realizador e o principal actor do espectáculo pimba que é a governação da Madeira.
Tudo naquela figura de ópera bufa é repelente, vazio, desprovido de dignidade, alheado de sentido.
Agora que as cortinas estão prestes a cerrar, na hora de fazer as contas finais, apercebemo-nos do logro, realizamos que afinal Alberto João não era, nunca foi um inofensivo palhaço, que os palhaços fomos nós e que o circo não era o palco do Alberto João; ele estava na cadeira do realizador e no guichet e aparecia sob os holofotes vestido de lantejoulas apenas para apresentar mais um número da nossa triste comédia.
Por isso sacudimos todos a água dos capotes, varremos as serpentinas e os confetis num penoso fim de festa, mais um.
E quem se fica a rir é ele, a fumar o seu charuto em direcção ao ocaso. O nosso.
Vou começar hoje a deixar uns furunculos por aqui. Serão normalmente em forma de canção/musica/poema, principalmente videos com canções, mas quando descubra como se faz, vou deixar aqui tambem canções que não tenham videos.

A mensagem será normalmente bem explicita, Por vezes não será, mas nessas aviso :-)
Vou tentar vir aqui regularmente, desculpem-me se o não conseguir, mas o trabalho é muito!

E pronto aqui vai, esta é a minha apresentação:

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Acordem

Há um enorme fedor no ar.

Fedor exalado por esta cloaca neoliberal em que o mundo se transformou e a que nós nos habituamos ao ponto de já nem ligar.

Como diria o bardo, "cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas." A crise, os mercados, as dívidas soberanas, o euro, o tanas!

São tudo tangas, minhas senhoras e meus senhores, desculpas simplórias.

A essência da coisa é outra, bem diversa. Vivemos num mundo de abundância, nunca se esteve tão perto, diria mesmo à distância de um piscar de olhos, de erradicar a fome, acabar com uma série de doenças ditas crónicas, eliminar conflitos, globalizar de facto aproximando as pessoas. Porque é que isso não acontece?

É-me impossível não transcrever aqui umas quantas palavras do meu velho Camarada Paul Lafargue no seu "O Direito à Preguiça," atentemos nelas:

"...Se as crises industriais se seguem aos períodos de excesso de trabalho tão fatalmente como a noite ao dia, provocando o desemprego forçado e a miséria sem saída, provocam também inexoravelmente a bancarrota. Enquanto o fabricante tem crédito, dá largas ao ardor pelo trabalho, pede e volta a pedir emprestado para fornecer matéria prima aos operários. Obriga a produzir, sem pensar que o mercado sufoca e que caso as mercadorias se não vendam, as suas notas se transformarão em letras. Embaraçado vai pedir ao Judeu, laça-se-lhe aos pés, oferece~lhe a vida e a honra. "Um pouco mais de dinheiro far-lhe-ia jeito", responde o Rothschild. "O senhor tem em armazém 20000 pares de meias de senhora, que valem vinte patacos, eu fico-lhe com elas por quatro patacos."

Uma vez compradas as meias o Judeu vende-as a seis e oito patacos, e mete no bolso as buliçosas moedas de cem patacos que não devem nada a ninguém: mas o fabricante recuou para saltar melhor. Dá-se por fim o descongestionamento e os armazéns despejam-se; atiram-se então pela janela tantas mercadorias que não se sabe como é que entraram pela porta. Cifra-se em centenas de milhões o valor das mercadorias destruídas; no século passado (XIX) eram queimadas ou lançadas à água.

Mas antes de chegarem a esta conclusão, os fabricantes percorreram o mundo em busca de mercados para as mercadorias que se amontoam; obrigam os seus governos a anexar Congos, a apoderar-se dos Tonquins, a demolir a tiros de canhão as muralhas da China, para aí venderem os seus tecidos de algodão... os capitais são tão abundantes como as mercadorias. Os finaceiros já não sabem onde investi-los; vão então para as nações felizes que se estendem ao sol a fumar cigarros, montar caminhos de ferro, construir fábricas e importar a maldição do trabalho."

Sempre foi assim; assim continua a ser.

Desvivemos a vida em função dos perpétuos interesses de uma minoria, que em Portugal é hereditária, como no resto da Europa aliás.

Termino com uma pergunta e respectiva resposta: Sendo os Romanos, os Gregos, os Egípcios tão evoluídos cientificamente... dispondo eles do conhecimento para construir uma máquina a vapor, por exemplo, porque não o fizeram?

Porque tinham os escravos...

domingo, 18 de setembro de 2011

levanta-te e trabalha


a noite estava escura e não havia poesia havia faunos e entrecosto mas faltava a geometria e tudo à minha volta escorregava verde garrafa e eu era um mocho triste que piava em cima duma melancia acordei que raio de pesadelo procurei as horas vi sete

acordado de olhos fechados ouvi uma vozinha aguda do outro lado do quarto que me pareceu dizer levanta-te e trabalha que é isto perguntei-me e ouvi levanta-te e trabalha outra vez a mesma vozinha aguda e irritante aproximei-me do roupeiro e lá dentro levanta-te e trabalha abri-o devagar e durante uns segundos tudo me pareceu normal a minha roupa pendurada como sempre quieta e calada à espera

de súbito a vozinha irritante voltou com o seu levanta-te e trabalha reparei então que no varão que sustenta os cabides pulsava uma incandescência laranja

não sabia o que fazer nunca tinha visto nada parecido então não sei porquê resolvi afastar os cabides num movimento rápido como se tivesse medo de me queimar metade para cada lado e perguntei alto quem está aí e depois silêncio

respirei fundo calma vou comunicar com um ser do outro mundo há sempre uma primeira vez e disse olá chamo-me david e a vozinha nada insisti my name is david lembrei-me de falar inglês nunca se sabe então a vozinha tossiu pigarreou e disse bom dia

fiquei eufórico o que penso ser a reacção normal de alguém perante o além e quis logo resolver ali uma série de mistérios mas a vozinha cortou perdão não é suposto entrar em diálogo mas já agora pergunto ao david se está a receber em boas condições e vamos tentar dizer o mínimo de palavras

não gostei do tom prepotente e respondi sim ouve-se bem mas o timbre é um pouco irritante então a vózinha suspirou e respondeu não se zangue vou equalizar falava agora mais calma e informal obrigado pela sugestão disse e até a luz do varão era menos viva como quem já saiu do serviço vim então a saber que era a voz de deus em fase experimental uma ideia revolucionária para expandir a fé e usá-la como energia renovável

nesse sentido estava a ser testado um sistema de despertar para crentes claro você é crente perguntou ou fez algum tipo de reza antes de dormir quis ela saber e eu disse-lhe não nem uma coisa nem outra

eu nem sequer precisava de acordar é domingo a sério não me diga pediu-me imensas desculpas pelo engano pode ter sido um vizinho estamos ainda a ajustar alguns pormenores técnicos justificou-se a voz de deus visivelmente enfadada com a falha técnica

meu filho disse ela o serviço despertar é só o começo o projecto prevê para muito em breve tv telefone e net e pode vir a ser melhor que a fibra pois a velocidade e o hd dependem de ti da tua fé o vaticano vai arrasar

mas onde vão vocês instalar os contadores perguntei olhando para o laranja incandescente do varão que se apagou num flash a ligação caiu fiquei na dúvida mas acho que vou aderir