Nós somos assim, precisamos de um mentecapto bem sucedido, desbocado, chico-esperto, um narciso invisual a largar postas de pescada, para podermos vislumbrar uma chance de sucesso nas nossas vidas cinzentas.
Os Italianos tinham o Mike Buongiorno, nós temos o Alberto João. Só que o Mike era um apresentador de televisão, fazia concursos, distribuía dinheiro que sequer lhe passava pelas mãos, já o Alberto João, querendo ser apresentador, aspirando à suprema glória de vir a tornar-se no mais conhecido one man show da Macaronésia, é o presidente do governo regional da Madeira e se tal como o seu émulo distribui dinheiro que não é seu o vil metal passa-lhe pelas mãos.
Ele é o produtor, o realizador e o principal actor do espectáculo pimba que é a governação da Madeira.
Tudo naquela figura de ópera bufa é repelente, vazio, desprovido de dignidade, alheado de sentido.
Agora que as cortinas estão prestes a cerrar, na hora de fazer as contas finais, apercebemo-nos do logro, realizamos que afinal Alberto João não era, nunca foi um inofensivo palhaço, que os palhaços fomos nós e que o circo não era o palco do Alberto João; ele estava na cadeira do realizador e no guichet e aparecia sob os holofotes vestido de lantejoulas apenas para apresentar mais um número da nossa triste comédia.
Por isso sacudimos todos a água dos capotes, varremos as serpentinas e os confetis num penoso fim de festa, mais um.
E quem se fica a rir é ele, a fumar o seu charuto em direcção ao ocaso. O nosso.
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