De repente a Europa
tremeu, o Primeiro-Ministro grego encenou um teatrinho, uma partidinha, e
aventou a possibilidade de se proceder a um referendo no seu país para
ratificar o novo pacote de “ajuda” imposto pelos credores.
Que crédulos somos!
Afinal era uma coisa para consumo interno, feita a modos de forçar a
assinatura na sentença de morte.
Com uma resposta positiva no referendo os gregos caminhariam voluntariamente para o patíbulo e o capital descansaria. O retorno da especulação estaria garantido sem grandes agitações, o Primeiro-Ministro seguraria o seu cargo e a oposição de direita extrema ficaria caladinha e teria de continuar a contentar-se com os lugares garantidos no Parlamento, por via de uns resultados eleitorais que já pertencem à história.
Com uma resposta positiva no referendo os gregos caminhariam voluntariamente para o patíbulo e o capital descansaria. O retorno da especulação estaria garantido sem grandes agitações, o Primeiro-Ministro seguraria o seu cargo e a oposição de direita extrema ficaria caladinha e teria de continuar a contentar-se com os lugares garantidos no Parlamento, por via de uns resultados eleitorais que já pertencem à história.
Mesmo assim os zelosos
capatazes do Capital reuniram-se na terra dos francos, sob o patrocínio dos
seus patrões e pregaram um grande raspanete ao brincalhão. Ameaçaram-no com as
penas do inferno, disseram inclusive que não haveria mais dinheiro nenhum se
ele insistisse nessa ideia bizarra da democracia e da soberania e da
participação popular. Informaram-no que se insistisse na concretização absurda do
referendo, a Grécia (logo a Grécia) deixaria de ser Europa, quiçá de fazer parte
do mundo ocidental... Ameaçaram-no com hordas de Celtas e Nibelungos soltas
nas terras de Péricles. Suprema devastação, fome irremissível, miséria absoluta,
sei lá que mais.
Tanta ameaça faz
desconfiar. Talvez porque atrás da Grécia outras Grécias viessem, talvez porque
de repente se revelasse quão ilegítimo é o seu poder, talvez porque saibam que
apesar de tudo o seu tempo está a chegar ao fim e que a fome e a miséria sejam
inevitáveis, porque foram eles com a sua criminosa irresponsabilidade que as
lançaram.
Por cá os açafates
deste poder obscuro apressaram-se a dizer ámen aos donos, abanado a cauda,
saltitando obedientes à espera do osso, enquanto comentavam entre si que afinal
as coisas poderiam ser diferentes, mas que agora é tarde, que afinal são bons
aprendizes e não se incomodam com as vergastadas que o seu povo recebe.
Em relação à Grécia,
acabou, não existe mais. Agora só nos livros de história, mais tarde, apenas
como nota de rodapé, depois confundida com a Atlântida, quem sabe…
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