quarta-feira, 16 de novembro de 2011

The nhac nhac society


O meu jornal de parede


Minhas Senhoras, Meus Senhores
Alguém me perguntou como vejo eu, um sem-abrigo de Budapeste, o mundo actual? A resposta é simples: Como uma pirâmide composta de gente em perpétuo movimento, deambulatório, supostamente desorganizado.
Milhões de pessoas, a trepar umas, outras a descer, todas a escorrerem como um cacho de abelhas a formar colmeia.
O prisma, de topo afilado e base estreita, tem por via da sua configuração, faces de escalada difícil enquanto a descida é vertiginosa, incontrolável, quase queda, em abono da verdade.
O alto é tão distante do baixo, que quem o ocupa nem vislumbra o chão, por outro lado quem lhe suporta o peso, tem do vértice uma vaga ideia; limita-se a saber que existe muito para além das nuvens, não o distingue e quando tenta lançar-lhe a vista, tem de apontar os olhos ao céu…
 Pois é! Quem não sabe é como quem não vê. Há uma ignorância prazenteira, um arco-íris, nessa forma de ignorar o mundo.
Por isso os espertos abençoam sempre os pobres de espírito, porque deles é o reino do amanhã, e é bem verdade. Tão verdade que os homens de poder fizeram sua esta máxima. Artistas exímios do disfarce, foram criando ao longo dos tempos indistinguíveis véus, que por artes mágicas se vão sobrepondo em convenientes transparências, mas estas em lugar de revelar, mistificam.
Hoje em dia o lado efémero da verdade já não é um imprevisto, um factor aleatório, que transtorne percursos estudados. É isso sim, um instrumento, um conhecimento aprofundado por anos e anos de prática. Aposta-se nessa contínua mudança do que é, para retalhar a memória, e determinar o futuro reconstruindo o passado. Não que o passado se apague, mas sublinham-se ocorrências, altera-se a orografia dos factos e o que antes seria um simples grão de areia, num momento será o mais imponente dos Everest, para logo a seguir se transformar na mãe de todos os atóis.




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