quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Grito de Sólon



O grande contributo grego foi humanizar os deuses.
Foi esse o grande salto civilizacional, porque humanizando os deuses, deixámos de deificar os homens e a democracia nasceu.
Em Atenas no séc. VI AC. anularam-se as dívidas dos pobres perante os ricos, os cidadãos foram chamados a participar na gestão da cidade, floresceu a arte, a ciência, floresceu o mundo.
Só por isso (e não é pouco) aos gregos, a minha eterna gratidão!
Agora de novo em Atenas, um homem se levanta e afirma a necessidade de dar a voz ao povo.
De voltar a humanizar os deuses (não serão os mercados deuses?) de forçar colectivamente um destino que nos é comum.
Que importam as causas que o levaram a tal se a sua mensagem está ali, explícita, incontornável: Não somos nós que controlamos as nossas vidas! Abdicámos delas quando nos deixámos levar no engodo de que alguém velaria o nosso sono, de que alguém sábio e avisado e incomparavelmente mais apto que nós, nos encaminharia e protegeria e em troca não pediria nada, apenas o silêncio. Mas o silêncio é tudo! Porque o silêncio é sepulcral.
Se não juntarmos a nossa voz ao choro de Atenas morreremos com ela e então nada terá valido a pena, nenhuma esperança, nenhum sacrifício, nenhuma vida entregue à causa suprema da Liberdade.
Prefiro ser livre! Prefiro o desconforto da luta, a incerteza do amanhã, a qualquer grilheta, mesmo que dourada.

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