Assisti hoje a um
espectáculo confrangedor, dado pelo Ministro da Economia e respectivo gabinete,
no Parlamento.
Este governo vive numa
outra dimensão, completamente desligado do que se passa neste país. Nada de
surpreendente, se tivermos em conta que o seu objectivo não passa, nunca
passou, pela nossa recuperação económica. O fim que tem em vista, não é outro senão
a satisfação integral dos interesses dos credores, custe o que custar.
Não existem pessoas no
seu universo, apenas números, dados estatísticos, modelos genéricos que
assimilaram e insistem em pôr em prática, independentemente dos danos
irreparáveis que possam causar na nossa economia.
São fundamentalistas
respaldados no poder financeiro, convictos de estarem acima do comum dos
cidadãos, intocáveis, com lugar garantido na mesa dos despojos.
Quando se fala do fim
da democracia na Grécia e em Itália, governadas por gente que não foi sufragada
nas urnas, que não representa a vontade popular, dever-se-ia partir do
princípio, que nestas circunstâncias é mais fácil a revolta, que é legítima a
deposição destas extensões do poder financeiro, como legítima é a reposição do
primado da vontade popular.
Por cá as eleições
existiram, mas não houve debate porque os dados estavam viciados à partida com
a assinatura do acordo com a Troika, e estavam também viciados porque a
comunicação social está nas mãos, precisamente, de quem beneficia com esse
acordo.
Foram passadas
mentiras como se de verdades absolutas se tratassem, foram silenciadas as vozes
discordantes e mais grave, com medo que não fosse suficiente, fizeram-se
promessas e declarações de intenção que na prática se revelaram o oposto. E isso, já estava previsto ser feito.
Nós não vivemos em
democracia, pelo contrário, vivemos na mais cinzenta das ditaduras. A da
ignorância! Ocorre-me a imagem de uma sala de cinema com encenação tão
perfeita, que apesar de nos sabermos espectadores de uma má ficção, a vivemos
como se fosse real.
A resposta, essa, não
reside num país, não é viável quando demarcada por fronteiras. Sendo a agressão
global, ela terá também de ser global.
Por isso eu sou Grego
e Italiano e Espanhol e Sírio e Coreano e estou em Wall Street e na faixa de Gaza
e onde houver gente a lutar por um novo paradigma, mais justo, mais sustentado,
mais integrado.
Eu sou um habitante
deste planeta e tudo o que nele se passa me diz respeito.
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