Vem-me à ideia aquele sábio ditado que diz: “se queres ajudar alguém, não lhe dês peixe, ensina-o a pescar.”
Ensinar a pescar é uma prova de amor, nós ensinamos os nossos filhos a pescar, porque os queremos ver livres, a trilharem os seus caminhos, sem terem de depender do nosso peixe.
Colectivamente essa dádiva de cidadania é feita pela escola, e quanto melhor, mais inclusiva, mais abrangente ela for, melhor serão os resultados.
Qualquer pai abdica de si para ver o seu filho crescer, afirmar-se, poder sem receios transformar-se ele próprio num pai. É a lei da vida.
Existe no entanto uma diferença, pouco subtil até. Alguns de nós são pais, outros limitam-se a ser pais dos seus rebentos, e para esses a escola é apenas o instrumento que possibilita arrebanhar tanto peixe quanto se puder. Para eles interessa até que a maioria não saiba pescar, interessa que a maioria contemple e admire e venere os pescadores encartados.
Preocupam-se então em criar escolas exclusivas a que só alguns acedam e tudo fazem para destruir a escola de todos. O pretexto é de uma atroz simplicidade. Não é necessário que todos pesquem, basta que haja peixe para todos. A partir daí uns ficam com as espinhas, outros com o lombo. Uns contentam-se com pouco, outros dispensam os restos.
A austeridade actual é um instrumento! Cortar na escola é o objectivo, porque se todos soubessem pescar haveriam muito menos tempestades no mar, muito menos náufragos a dar à costa.
Sem escola, sem educação, seremos sempre escravos dos pescadores à linha…
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