terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Guerra é a Guerra

Este governo não é o governo dos portugueses, é uma comissão liquidatária. O seu objectivo é pagar a dívida. Não importa se ela é legítima ou se pelo contrário é produto de especulação e de corrupção, ou de mau governo. Tem de ser paga como exigem os credores. Depois logo se verá.

Para isso não é necessário um grande exercício. Basta cortar onde é mais fácil, onde é mais rápido. Basta ir buscar ao outro lado; ao trabalho.

Há um dito que define o capitalismo, “nunca ponhas os ovos todos no mesmo cesto”, é verdade.

Nunca os puseram, sempre souberam adequar estratégias, cresceram, e o que parecia um retrocesso no seu percurso, como o advento do estado social, foi apenas a criação de uma barreira ao desenvolvimento de filosofias mais igualitárias. Na verdade, durante estas tréguas da segunda metade do séc. XX, souberam cimentar posições, alargar a teia de interesses que sustenta o capitalismo financeiro, e partir para um patamar superior de dominação.

Embora existam Estados, o capital não tem fronteiras. Grande parte da sua força reside precisamente nisso, na inexistência de uma resposta global. Asseguram o mundo a retalho, estimulando divisões entre países, para melhor dominarem.

Existe de facto uma guerra, que não é entre nações, antes entre classes, e é uma guerra sem tréguas.

Enquanto os conflitos anteriores se desenrolaram entre exércitos, o terreno deste é bastante mais cínico.

Em nenhuma guerra o interesse primário foi devastar o território conquistado, senão de que serviria? Esta é disso um paradigma. Em todas as guerras o povo constituiu a maioria das vítimas, a carne para canhão, e aí o que menos contava era a nacionalidade dos mortos, antes o número controlável de sobreviventes enquanto mão-de-obra mais barata, mais maleável, mais permeável aos interesses das classes ditas superiores. Passa-se o mesmo hoje em dia, não morrem de bala, morrem de fome, de doença, de miséria e deixam com a sua morte um espaço de sobrevivência às próximas vítimas.

Só globalizando a resposta, esta guerra pode ser ganha, não há outra forma.

Os problemas que enfrentamos são os mesmos na sua essência em qualquer parte do globo e devem ser resolvidos com um empenho global.

Temos de fazer como o Marlowe, seguir a pista do dinheiro, descobrir onde é que eles guardam os ovos.

Sem comentários:

Enviar um comentário