quarta-feira, 27 de julho de 2011

Évora Vila Nova do Descampado

Évora mentira plana e chata casotas aturdidas conservadas em lata

Évora não se justifica

A ideia de Évora é triste desde há séculos e séculos com intervalos para dar um espirro

Évora encostada a colunas de ruínas toda vaidosa património mundial de lâmpadas fundidas alegremente penduradas na muralha

Évora devia desvalorizar e talvez se a bola de sabão fizer flop alguma coisa aconteça e essa coisa faça acontecer outra coisa e essa por sua vez faça acontecer outra coisa ou uma anti-coisa finalmente algum movimento

Évora por hipótese passava a vila e ficava a ser o que é no presente mas sempre ficava mais decente

Era uma vez uma cidade muito bonita plantada no meio de um futuro deserto santa paciência a nobre colina onde fora erguida destacava-se na planície como uma grande teta de mamilo sempre erecto silhueta de catedral em fundo azul lilás entardecer… santa dormência

Évora tem uma boa silhueta ao longe e a cores mas de perto e a 3D não tem os mínimos é mal criada trata mal os filhos é disfuncional e não se ajuda quando resvala

Évora encontra-se mesmo já alguns pontos abaixo de vila

Capital de distrito reprovada em tantas alíneas que arrepia e toda a gente conhece a fotografia mas não faz mal parece que até há quem goste e se refastele na duna a ver passar os camelos que somos nós todos os dias camelos que uns dias passam outros dias observam mas sempre com fotogenia não vá aparecer o repórter da telefonia

Évora cidade 2000 anos e tal média dimensão não queremos ser metrópole nunca quisémos ser metrópole que bonito que genial destas não há muitas no mundo tão velhas e tão pequeninas e juntaram-se as miniaturas antigas aves raras num clube onde Évora como Évora que é não faz nada para não exagerar

Mas afinal quem é Évora essa ideia essa entidade que entre outras coisas é responsável por estarmos onde estamos e como estamos devemos ser todos mesmo muito especiais para aturar essa tal Évora e continuar por cá tipo pessoas com alto nível de santa paciência quem sabe talvez a grande riqueza depois do azeite e da cortiça pois não há melhor pachorra que a alentejana e a de Évora essa é a prima entre as pares

Se fossemos rigorosos e o mundo fosse para levar a sério Évora abria falência e logo reabria conforme pudesse e talvez crescesse perdesse a cagança com que se enleva de si mesma uma tristeza

http://www.youtube.com/watch?v=jF-CkMpQtlY&feature=player_embedded

2 comentários:

  1. Gosto dessa da cagança. Temos cronista. Este David Varanda não se limita a estar à varanda: não deixa pedra sobre pedra na soberba eborense. CJ

    ResponderEliminar