sábado, 30 de julho de 2011

poesia à varanda

(Marc Chagall - o poeta)

Cá estou a usar palavras
como se as parisse.
Uma vírgula poupa-me meia dor
da definitiva solidão do ponto final.
E se ainda assim o ponto fosse o terminus,
que me daria sofrer, se depois o descanso me
afagasse os sonhos.
Mas não.
Não é assim.
Nem tampouco quereria tão breve fim.
Restam-me então as palavras,
decantadas das ideias,
ou das veias, tão fortes e lassas…
Cá estou eu a usurpar palavras
como se me parissem.
E um ponto, seria meia dor a mais
que o instável desasar da vírgula…
E se ainda a vírgula fosse metade do caminho
que me resta percorrer?
Mas não é assim,
Nada me devassa a vontade de viver.
Nunca parei numa dúvida só porque nela
me embalava a indecisão.
Cá estou eu
Apalavrado a usar-me.
Como se a vida mais não fosse…

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