sábado, 30 de julho de 2011

já só falta o resto


Percorri as ruas desertas e escaldantes da minha cidade fim de Julho 40º à sombra e o que vi? As mesmas paredes brilhantes de luz e calor as mesmas desde sempre num serpenteado de linhas emaranhado arquitectónico colectivo popular feito na calma dos séculos e percebi a riqueza que nas calmas predomina E vi alguma sombra ao fundo do descampado porque se visse muita luz ao fundo do túnel ficava no túnel à fresca Avancei então pelo descampado do Giraldo e fui para o melhor sítio que não é um sítio mas são muitos sítios e nem é sítio sequer é um caminho cheio de sítios aleluia é um corredor de sombra por onde se pode percorrer algum centro histórico desta cidade média Por momentos senti-me por cima das azinheiras mas estava de facto debaixo dos arcos chiça penico a arquitectura sempre e só a arquitectura único valor que se afirma todos os dias aos olhos de quem passa quem visita quem vive É como andar numa maquete gigante e muito bem desenhada sim senhor quero lá saber Respirei deixa lá a arquitectura ela não tem culpa de ser magnífica e de a terem deixado sózinha até é fixe esta arquitectura Senti o tempo mais calmo e percebi recebendo aquela harmonia de linhas e volumes e espaços os frutos do valor verdadeiro do trabalho colectivo de pessoas ao longo do tempo Os arcos são mais bonitos quando são irregulares e diferentes uns dos outros e os telhados da praça do Giraldo não serem todos da mesma altura também ajuda Évora elogia a diversidade criativa de todos feita todos os dias numa sucessão de momentos de vida felizes e trágicos êxitos e fracassos sem planos directores municipais É bom estar perante o templo mas e perdermo-nos pela mouraria adentro Não não digo mal das obras do estado estão muito bem são magníficas soberbas o templo a sé e os ossos perdão é uma capela que pelos nossos espera e são todas obras de grande qualidade robustas sólidas e também fazem sombra e tirando o templo costumam ser fresquinhas lá dentro O cenário está brutal demorou mais de 2000 anos a fazer não podia ficar melhor e dificilmente se encontra melhor neste país agora falta o resto acontecer falta fazer o filme para que quando chegar a hora de entregar os ossos à capela tenhamos alguma coisa para ver.

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