quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Mijam-nos em cima e dizem que é chuva


Será assim tão importante neste momento saber para onde vamos?
Ou será mais importante arrasar um paradigma sem sentido, velho de séculos, construído num pressuposto que já não existe?
Será que conseguiremos por muito mais tempo suportar uma sociedade do efémero, consumista, orientada para o lucro, em que a informação é secundarizada pela emergência da notícia? Em que a formação tomou a primazia, relegando a educação para um espaço minimalista?
Em que a saúde foi ultrapassada pelos cuidados médicos?
Em que a referência do tempo é o dinheiro?
Em que somos transformados em reprodutores que desmamam as crias e abdicam delas para as enfiar num espaço de formatação, de adequação ao mundo do trabalho, que por acaso se chama escola?
Uma sociedade em que vivemos aglomerados em colmeias, aos milhões, para estarmos mais próximos do trabalho?
Em que somos seriados, identificados por cartões plastificados que usamos para tudo?
Somos o chip que transportamos ou haverá mais vida dentro de nós?
Emoções?
Estamos agora no século XXI a regredir até ao obscurantismo medieval, feitos servos da gleba, a trabalhar para pagar dívidas que não criámos, consequência de produtos que não usamos, que não nos servem, mas que julgamos imprescindíveis para o nosso bem estar, somos autómatos, apenas antropomórficos, por vezes sentimos e revoltamo-nos, a maior parte das vezes retrocedemos porque nos impuseram a razão e nos fizeram esquecer que sentir é a essência da nossa humanidade.
Há mundos para além do medo, só os descobriremos se tivermos a coragem de rasgar os véus que nos cobrem a existência.

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