sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Temos Homem



Temos um Presidente da República indignado.
Não concorda com os cortes nos subsídios de férias e de natal, que serão aplicados a partir de 2012 (sabe-se lá até quando) aos funcionários públicos.
Afirma-o corajosamente e refere que já o tinha afirmado antes. O homem, essa bandeira dos deserdados, é a favor da equidade fiscal.
De seguida, quando falar à nação no dia da greve geral, ladeado pelos representantes dos sindicatos, exigirá a taxação das grandes fortunas, a cativação dos nove milhões de euros que saem diariamente para os mais diversos offshores, defenderá que a banca pague IRC ao nível das restantes empresas, exigirá que os bens daqueles que se aboletaram com os roubos no BPN, BCP e afins revertam para o Estado, afirmará a necessidade da devolução dos prémios de produtividade por parte dos gestores de empresas públicas que sempre deram prejuízo, gritará o fim das PPP, dirá alto e bom som que desde os anos setenta o salário mínimo aumentou cerca de setenta euros e as pensões mais baixas cerca de trinta, indignar-se-á contra o fim da escola pública e com as taxas moderadoras na saúde, rejeitará publicamente a ciranda entre o governo e os grupos económicos por parte de alguns figurões que por aí pululam, tomará posição firme contra as privatizações dos CTT, da CGD, da Água, de todas as empresas cuja a actividade seja nuclear para a garantia dos nossos direitos mais elementares, garantirá perante todos a primazia do interesse nacional sobre as negociatas dos credores ao defender uma auditoria à dívida soberana…
Finalmente temos homem! Enganam-se os que dizem que isto tudo é apenas por causa dos dez mil e tal euros que ele recebe de pensões…

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