terça-feira, 23 de agosto de 2011

Albarde-se o Burro à Vontade do Dono


Esta crise que rasga o planeta não é entendível se não for abordada numa perspectiva que extravase as fronteiras da dignidade humana.
O gelo boreal vai desaparecer nos próximos anos, vai daí a coca-cola entretém-se por milagroso acaso a comprar glaciares no Chile...
O Vaticano doa 50 mil euros ao povo Somali, entretanto os contribuintes espanhóis são espoliados em 50 milhões de euros para custear a visita do Papa...
Milhares de conflitos ocorrem por esse mundo fora, com o inevitável cortejo de sangue e miséria e destruição, mas o negócio das armas prospera...
Dizem os entendidos que o dinheiro não traz felicidade, mas que ajuda... É mentira!!!! O dinheiro só proporciona o que se pode comprar. Compra-se o que se convencionou ter valor de troca, apenas.
Compra-se o poder.
Compram-se os bandalhos que gravitam em torno dele.
Compra-se porque existe sempre alguém disposto a vender, disposto a vender-se, disposto a alinhar num contrato privado de escravatura dourada e a alienar sem mandato a liberdade dos outros, esses sim, os  verdadeiros metecos, os espoliados, os silenciosos.
A oligarquia, mais os sátrapas, mais os funcionários dos sátrapas, no alto do Olimpo. O resto do mundo; das gentes do mundo, em baixo, a suportar-lhes o peso, de boca aberta, a recolher as migalhas que caem.
Em 2008 esses senhores de pelo lustroso e garras afiadas, na sua inextinguível cupidez, destruíram o precário equilíbrio do sistema financeiro, logo acorreram solícitos os sátrapas, a nacionalizarem os prejuízos, Para onde foi o produto do duplo saque?
Duplo porque nacionalizado e depois reposto. Criminoso porque continuam no poder, ocultos nos seus gabinetes, a fazer o que sempre fizeram. Em menos de nada voltamos ao mesmo, à especulação, ao roubo descarado, à desinformação, à destruição dos recursos planetários... e quem paga? Quem suporta os desmandos? Quem é morto e perseguido quando se revolta? Quando manifesta a sua indignação nas ruas do Cairo ou de Belfast ou de Londres ou de Damasco? Quem sofre nas favelas do Rio? Quem vegeta em Mumbai ou em Bogotá ou em Atenas?
Não tem de ser assim!
A nossa dignidade não tem cor, nem sexo, não se ajoelha perante deuses ocasionais, não existem homens à imagem de Deus, existem deuses à medida da conveniência de alguns... mesmo que se chamem lápis, ou mercado, ou outro nome qualquer e, os seus oráculos sejam em Delfos ou na City ou em Wall Street.  

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