domingo, 28 de agosto de 2011

histórias da minha infância com j. brown à mistura

Era uma vez um lobo que não era mau, mas estava esfomeado, e uma cabra russa distraída, que se deixou apanhar pelo lobo esfomeado, que também era um bocado pateta.

- Cabra russa eu vou-te comer. Disse o lobo.

- Não me coma por favor, senhor lobo, que eu ainda sou muito nova e além disso sou muito magrinha, praticamente só pele e osso. Respondeu a cabra.

- Como não? Perguntou o lobo. Se eu estou cheio de fome, há já três dias que não como nada, vou-te comer sim senhor.

Dito isto, o lobo abriu a bocarra cheia de dentes afiados e preparou-se para comer a pobre cabra russa.

- Não senhor lobo, não faça isso. Disse ela muito assustada, como o lobo hesitou só um bocadinho, ela encheu-se de coragem e urdiu uma história para se safar daquela triste situação.

- Sabe senhor lobo é que eu tenho três filhotes lá em casa, e se me apanhou aqui, isso deve-se à precisão que eu tenho de os alimentar.

É verdade, vim só buscar umas ervinhas para eles comerem, coitaditos.

- E isso que me importa, retorquiu o lobo, se eu estou com fome, como-te, eu sou um lobo, logo quando tenho fome como cabras como tu, ou cabritinhos como os teus filhos…

- Pois aí é que está o problema, se me comer antes de eu lhes levar comida, de certeza que eles morrem de fome. Melhor fora que os comesse também.

- O que estás para aí a dizer? Queres que eu coma os teus filhotes?

Perguntou o lobo intrigado.

- Sim, ao menos se os comer eles não ficam sozinhos no mundo e eu posso morrer descansada.

- Mas então como é que fazemos?

- É simples, o senhor lobo deixa-me ir a casa buscá-los. Vou num pé e volto noutro, garanto-lhe.

- Olha lá cabra russa e como é que eu sei que tu não estás a enganar-me, heim! Que tu voltas mesmo com os teus filhotes para eu vos poder comer.

- Ai senhor lobo, que até fico ofendida com tanta desconfiança. Mas se duvida da minha palavra, façamos o seguinte, o senhor lobo vai ali para aquele outeiro, de onde pode ver tudo em redor, reza três missas pequeninas e quando as acabar já eu estou de volta.

- Então está bem, concordou o esfomeado.

Dito isto o lobo lá foi para o tal outeiro e a cabra russa começou a correr em direcção a casa com quantas forças tinha.

Chegado ao cume do outeiro, começou o lobo a sua arenga.

- Réu réu réu, três croinhas para o chapéu, estás aí ó cabra russa.

E ainda perto ouviu-se

- Estou estou, vai cantando que eu já vou.

- Réu réu réu, três croinhas para o chapéu, estás aí ó cabra russa.

Já mais longe, ainda se ouviu.

- Estou estou, vai cantando que eu já vou.

- Réu réu três croinhas para o chapéu, estás aí ó cabra russa.

Nada.

- Réu réu réu, três croinhas para o chapéééuuu, estás aííí ó cabra ruuuussaa.

Nada.

- Réu réééu réééuuu, três croiiiinhas para o Chapéééuuu, estááás aíiii ó caaaabra ruuuussaaaa!!!

Nada.

Foi então que o palerma percebeu a tramóia. Furioso correu até casa da cabra, mas quando lá chegou a porta estava bem trancada.

Furioso o lobo resmungou.

- Desde que sou lobo cão, nunca rezei três missas em vão.

Ao que a cabra em segurança e a rir à gargalhada respondeu.

- E eu, desde que sou cabra russa nunca me safei de tamanha escaramuça.

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