domingo, 7 de agosto de 2011

A Vitória de César


O tempo é um magnífico detergente. apagam-se memórias, sublinham-se convenientes recordações feitas por medida, alçadas à necessidade dos que ganham, reduzidas à dimensão conveniente da humilhação dos derrotados.
Vêm-me à ideia as aclamações triunfais do Império romano em que os vencedores eram festejados pela urbe, encabeçando grandioso cortejo, precedendo os seus legionários, mais os despojos dos vencidos e os próprios vencidos acorrentados e humilhados, arrastando consigo o peso da derrota. Mas os romanos eram sábios, e se a imagem do triunfo era grandiloquente, os dichotes da turba, dirigidos ao vencedor eram arrasadores.
Havia sempre que lembrar ser tudo na vida fruto das circunstâncias e que mesmo um triunfador era humano, não isento de crítica por maiores que fossem as suas qualidades.
Júlio César, ao que consta teve arrebatada paixão por Nicomedes, rei da Bitínia, ao ponto de,  no triunfo das gálicas, os legionários que seguiam o seu carro cantarem:
"César desonrou a Gália,
e o rei Nicomedes a ele.
Cá vai César em triunfo
pela sua gálica vitória.
Nicomedes não tem louros
embora dos três seja o maior."
Da história pouco resta de Nicomedes e de César resta o que resta, mas na verdade o que conta são grãos de areia. a verdade resume-se a isto: "Olha para trás lembra-te que és apenas um homem".
Seria uma boa lição para alguns terem assistido à celebração da vitória de César.

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