domingo, 14 de agosto de 2011
A Contenção do Sonho
Quem sabe verdadeiramente o que vai na alma do vizinho?
Eu sei quem é o David e o Claude e o Gee e o Camilo e, se calhar eles conhecem-se, não sabem quem está por trás da cortina, mas talvez se conheçam, não sei.
Sei que outras e outros virão, convidados por mim ou pelo David ou pelo Gee, ou pelo Claude ou Camilo e falarão do que entenderem, como entenderem e serão sempre furúnculos, saídos do fundo da caixa que Pandora abriu.
Os pseudónimos são máscaras sobrepostas às máscaras do quotidiano e por isso mesmo duplamente reveladoras de quem as entendeu usar, É bom.
Não existe aqui a pretensão de ocultar uma identidade, antes o desejo de libertar as múltiplas que nos compõem, um rearranjo despido do peso que a catalogação notarial impõe.
Este é um espaço comum que tende a fugir da comunidade, soit disant...
Por mim falo, mas sei que o único caminho para a Liberdade é lutar por Ela, a cada inspiração, a cada expiração. É também saber que na liberdade nada é apropriável, sei que se lutar somente pela "minha" Liberdade perco inapelavelmente essa luta. Ninguém pode ser livre num mundo de oprimidos.
Só a ditadura se reproduz em cativeiro, apenas a opressão se dá bem com espaços fechados, a Liberdade é a mãe da diferença, ninguém está livre, ou se é ou não e, quem não é livre está preso.
Preso na rede de preconceitos, de interesses que se sobrepõem a outros interesses, preso e infeliz.
Nós por cá, no Furúnculos, não dando muito valor ao tique taque da felicidade momentânea, detestamos prisões. Atlânticas, Índicas, Pacíficas, são sempre prisões se tiverem fronteiras que contêm o sonho.
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