terça-feira, 23 de agosto de 2011

Finanças e Fé IV


A realidade é deveras cruel. E para terminarmos esta série de textos basta atentarmos nas notícias de ontem e de hoje: a receita fiscal cai porque os impostos aumentam. Caindo a receita, não se cumprem as metas do déficit, não se cumprindo as metas, é preciso mais receita. Como? cortamos os gastos do Estado e aumentamos os impostos, e assim sucessivamente...
Claro que foi isto que aconteceu na Grécia, é isto que está a acontecer na Irlanda ( a propósito já repararam que ninguém fala deles??).
O resultado é fácil de adivinhar: uma recessão estimada de 2 e picos por cento que na realidade será de 4 ou 5%, um aumento desemprego para níveis nunca vistos e, é este o ponto, a privatização e desmantelamento do Estado e de tudo o que der lucro, de preferência sem risco. Cumpre-se assim, o sonho liberal e paroquial da direita portuguesa. Aproximarmo-nos do modelo anglo-saxónico de capitalismo desregulado e eticamente irresponsável. ( Pois, é que Adam Smith era teólogo, antes de ser economista...enfim...com o fim do liceu, é normal que os bárbaros já tenham entrado em Roma...e que poucos tenham passado da vulgata).
E nós? E vós Portugueses?
Poucas opções restam. Menos ainda vontade de as discutir com seriedade.
Em primeiro lugar, uma solução europeia com a monetarização da dívida por parte do BCE. Impossível, a religião que professam impede-os de pensar nisso.
Em segundo lugar, uma posição de força junto dos parceiros do euro, ameaçando um incumprimento, de preferência em conjunto com outros países na mesma situação. Parece-me que o timing já passou, embora seja o que a França fará no final de 2012.
Em terceiro lugar sair do euro. Cedo ou tarde, mais cedo que tarde, será isto que vai acontecer.
Terminará assim, uma ideia interessante, mas assente em pressupostos errados. O fim da Europa. Talvez não. Mas isso é tema para outra posta.

P.S. Em tempos também professei nesta igreja neo-liberal. A realidade curou-me.

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